sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Inclusão pela música

Se a música ainda não conseguiu invadir as escolas e salas de aula no Brasil, é nas ruas que ela tem encontrado espaço. Movimentos culturais e de cunho social acontecem na cidade, mas nem sempre recebem a devida atenção. A belo-horizontina Iara de Fátima que assistiu a uma apresentação de música e teatro no Parque Municipal conta que encontrou a manifestação por acaso: "estava aqui na região e decidi passar no parque pra um passeio rápido mesmo, mas acabei encontrando esses meninos tocando tambores e andando pelo parque e decidi ver aonde iam". Os meninos são estudantes da Escola Municipal Professora Eleonora Pieruccetti, que tem parceria com o instituto de música Undió.

Percussionistas
No parque, os meninos foram conduzidos por Diarlen Fernandes, um dos colaboradores do projeto, e tocando pelas ruas do Municipal atraíram a atenção dos visitantes e passantes para o local onde aconteceria uma peça teatral."Eu nem sabia que podia tocar e que ia achar assim tão legal. Ai quando o pessoal do Undió apareceu lá na escola e ensinou a gente eu gostei muito. Gosto muito de tocar com o pessoal", disse um dos jovens que participa do projeto, J.P. de 15 anos.

Caminhada pelo Parque
Diarlen explica que todos os meninos e meninas do grupo de percussão são estudantes da E.M. Eleonora Pieruccetti e acrescenta: "a gente se apresenta em vários eventos como festas da faculdade e também na passeata de professores. No caso, a gente foi convidado pelo pessoal do teatro (Associação de teatro de Bonecos de Minas Gerais - ATEBEMG) para atrair o público do parque para a apresentação".

Esse tipo de manifestação artística atrai visitantes e tem o lado social também positivo. Sérgio Antônio, visitante do parque que acompanhou a filha na caminhada disse que as apresentações são uma manifestação de cultura que contribuem para trazer um ar diferente para a cidade. Em relação à contribuição social da música, o guitarrista Gustavo Lacerda, da banda Charlie, define que a música é muito importante para o desenvolvimento social de uma pessoa e que esse tipo de atividade pode contribuir bastante para a formação social do Brasil.

Rafael Castro é mineiro, mas mora em São Paulo. De passagem por BH, ele assistiu às apresentações no parque e também apoiou a iniciativa. "Sabe, meu sonho é ter uma banda. Pra isso, eu tive que começar a aprender música sozinho porque não tive oportunidade de encontrar um projeto assim e nem aula de música na escola. Alguma coisa assim teria sido legal pra mim", conclui. Aos interessados em aprender música que, assim como Rafael, não encontraram oportunidades nas escolas e projetos, há opção de ingressar em uma escola de música como a School of Rock. Apesar do custo de se fazer aulas de música numa escola especializada, há a vantagem de poder se aprofundar no aprendizado e ter aulas mais específicas para o gosto individual.

Jeferson Borges
Na saída do parque estava Jeferson Borges, que viaja BH trabalhado como estátua há 10 anos.  Com o rosto e mãos pintadas de prata e o traje completamente prateado, o robô Jeferson conta que gosta muito do que faz, mas que lidar com o público não é uma tarefa fácil: “O público na rua é cruel. Se eles acharem que é bom eles falam. Se acharem que é ruim, falam mais ainda. Então a dificuldade é essa... O pessoal, às vezes é sincero demais. Às vezes uns fazem umas piadinhas sem graça, mas a gente tem que saber lidar com o público. Aí, quando a pessoa vem com o intuito de atrapalhar a apresentação, aí é que a gente vai e brinca mais, você entra na brincadeira dele e acaba tirando de letra”, diz.

A apresentação atraiu crianças e adultos e talvez, o talento de Jeferson poderia ser melhor aproveitado se ele tivesse tido a oportunidade do contato com a cultura na escola, como é o caso do estudante Rogério Giordano que foi das aulas de música ao teatro: “ tanto as aulas de música quanto as aulas de arte influenciaram muito a minha vida. O contato com a arte que tive desde cedo me influenciou a participar de grupos de teatro", relata.

O pessoal do teatro
O teatro que aconteceu no parque foi apresentado pela Associação de teatro de Bonecos de Minas Gerais (ATEBEMG). "Os bonecos encantam. Encantam os adultos também, mas principalmente as crianças", disse Conceição Rosiere, presidente da ATEBEMG.
Teatro de bonecos

Arte no Parque
 
O Parque Municipal de Belo Horizonte possui uma de projetos culturais. São oferecidas aulas de Tai Chi Chuan, oficina de artes em parceria com o ProjetoGuernica e oficinas de desenhos que acontecem todas as quartas-feiras. Nem sempre as manifestações que acontecem no Parque são permanentes, para conferir a programação basta acessar o site aqui.



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

School of Rock

Música nas escolas é algo muito mais comum nas culturas estrangeiras, como em países da Europa e nos Estados Unidos. É o que comprova a brasileira Juliana B. que atualmente vive no exterior, mãe de Júlia que tem 11 anos: "A Júlia já fez aula de balé, natação, aprendeu noções básicas de culinária e já cantou no coral da escola e da igreja. O sistema no Brasil não me permitiria dar essas oportunidades para a minha filha, é tudo muito caro enquanto lá quase todas essas atividades são praticadas na escola, sem nenhum custo adicional".

Aqui no Brasil, a escola de idiomas Wizard de Belo Horizonte, teve a iniciativa de tentar trazer essa cultura para os seus alunos, montando parcerias para a criação de uma escola de música. A School of Rock, que "morou" durante um ano dentro da Wizard é hoje um projeto independente, mas mantém parceria com a escola de idiomas.

Marcelo Machado é músico e um dos sócios da School. Exaltando o bom humor costumeiro de pessoas que tem contato com a arte, Marcelo supõe que o ensino da música nas escolas será como o ensino de idiomas: "Eu penso que a música será como isso (idiomas), mas eu ainda acho uma boa porque, pelo menos faz as pessoas terem um primeiro contato com a música. Não acho que ninguem vai sair um grande instrumentista só com a música da escola, como também ninguem sai falando inglês com esse inglês que se aplica na escola. E acho que o objetivo de música na escola é uma noção para a pessoa entender o que é música, acho isso legal."

Marcelo e aluno
Há 15 anos, Marcelo dá aulas de música e acredita que implementação de música nas escolas é algo que será positivo para os alunos e para a sociedade. Ele conta que as gerações anteriores, que ainda tinha o ensino da música na escola, formam um grupo bem mais afinado e que conhece melhor a música. A crítica recaí sobre a retirada da disciplina da grade escolar que, de acordo com o que acredita o músico, fez com as gerações fossem crescendo cada vez mais "anti-musicais" e isso tem refletido na baixa qualidade da música atual.

Além de ser uma forma de agregar cultura aos estudantes, a música nas escolas trará outros benefícios: "acho que as escolas de música acabam ganhando com isso também, porque desperta o interesse daquelas pessoas por música e ajuda até mesmo os professores particulares, as escolas de música, enfim, alguém que ensine mesmo a música", explica.

Outra escola de idiomas, o Centro Cultural TFLA, também agrega a música ao seu ensino. Durante o primeiro semestre do ano, os alunos que se interessarem podem ter aulas de bateria na própria escola, com o intuito de se apresentarem no festival realizado anualmente. Além dessas aulas, os alunos do TFLA montam peças de teatro para serem apresentadas, tudo em inglês ou espanhol.

Teatro TFLA
De acordo com Jonas Alves, que trabalha no TFLA, a ideia na escola também era a de trazer um pouco da cultura americana para os alunos. Os teatros aconteciam com mais frequência, o que acabou se tornando inviável devido ao aumento de alunos na escola. "Aqui a gente busca também formas de usar a música no processo de aprendizagem porque deixa o exercício mais interessante. São escolhidas músicas apropriadas para cada nível e os alunos aprendem vocabulário e pronúncia cantando", completa.

Nesse ano, devido à Copa do Mundo, o TFLA resolveu premiar os alunos. Um concurso foi feito e os mais criativos na interpretação de uma das músicas que foi tema da Copa ganharam camisas oficiais da Seleção Brasileira. 

O filme
O nome School of Rock não é por acaso. Além de ter influência do seu local de surgimento - a escola de idiomas - a escola de música foi batizada dessa forma depois que os proprietários assistiram o filme que leva o mesmo nome, estrelado por Jack Black. "Primeiro a gente viu o filme, achou muito divertido e gostou muito da proposta da escola. Uma escola mais solta, uma escola sem muito formalismo e também porque começou dentro da Wizard. A gente era um projeto dentro da escola, para os alunos da Wizard, ai já pegou o gancho do filme com o inglês. O School of Rock então foi uma coisa mais ou menos natural. Só que a escola começou a crescer, já tinha uns 20 ou 30 alunos lá dentro da Wizard, começou a dar trabalho para os professores inglês, reclamando do barulho da guitarra na sala, do saxofone e dos outros instrumentos, então a gente resolveu fazer uma sede própria e se desvinculou. A gente ainda tem uma parceria, mas agora a escola não é mais uma escola da Wizard como era antes", conta Marcelo.

Banda Concreto
 



A banda Concreto, da qual Marcelo Machado é integrante surgiu em 1992. Dez anos depois, participou do Pop Rock Brasil ao lado de bandas como Tianastácia, Skank e Charlie Brow Jr.

 Fotos

 
 Bateria para os grandes


Brinquedos para os pequenos


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Green Day
Nesse fim de semana, alunos e professores do Centro Cultural TFLA estarão realizando o 4º Green Day do TFLA. Há quatro anos, a escola realiza esse evento no qual são plantadas 200 mudas de árvores. Esse ano, o plantio será realizado em frente ao Parque Ecológico da Pampulha.
É sábado, 23/10, das 10h às 13h.
Aberto ao público.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A música fez a diferença

"Eu acredito que a música é importante para o desenvolvimento social da pessoa, e em um país como o nosso, onde muitas pessoas carecem desse tipo de trabalho, a música pode contribuir bastante", disse Gustavo Lacerda, guitarrista da banda Charlie.
O início do ano letivo de 2011 marca a volta do ensino da música nas escolas brasileiras. De acordo com Hudson Menezes, da Assessoria de Comunicação da Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais, a lei pede que a música seja tema obrigatório nas disciplinas de artes do Ensino Fundamental, mas não impõe muitas regras. Não é necessário, por exemplo, que haja ensino prático da música, a teoria basta.

De acordo com o que disse o professor de música Ricardo Linhares, que trabalha na escola de música San Jazz, a lei não tem favorecido os profissionais diplomados, uma vez que as próprias escolas abriram mão de contratar professores especializados, abrindo espaço para autodidatas ou professores que não tenham formação diplomática.

(Rogério Giordano, para o teatro)
Apesar disso, o ensino da música ainda é considerado válido. É o que diz o estudante Rogério Giordano: "na época de colégio, ainda no fundamental I, eu tinha aulas de música e artes na escola. Com o tempo, tiraram as aulas de música e substituíram pelas aulas de informática. Considerei uma perda terrível. De qualquer forma, tanto as aulas de música quanto as aulas de arte influenciaram muito a minha vida. O contato com a arte que tive desde cedo me influenciou a participar de grupos de teatro." Rogério estudou no Colégio Santa Marcelina de Belo Horizonte e hoje é aluno do curso de Relações Internacionais da Puc Minas e também do curso de Letras da UFMG.

O também estudante de RI da Puc, Christopher Mendonça conta que a música sempre esteve presente em sua vida e que foi um fator relevante para a sua formação como ser humano: "a música é a máxima expressão dos sentimentos humanos. Através das partituras, esse sentimento ultrapassa gerações e nos faz entrar em contato com nós mesmos. A música me fez mais sensível, me ensinou a trabalhar em grupo, a ser persistente." A princípio, a música chegou a Christopher através de seus pais que também são apaixonados por música, mas foi graças ao reforço recebido nas aulas de música na escola, desde o ensino infantil, que a semente plantada pelos pais gerou frutos: "fiz aulas de canto, cantei em importantes corais em Belo Horizonte, inclusive o coral da Puc-MG", disse.

Christopher acredita que a música nas escolas é muito importante porque pode ser tão benéfica para os alunos como foi para ele. Além de se conhecer melhor e aprender a conviver melhor em grupo, Chirs fez amizades e encontrou o seu talento.

O guitarrista Gustavo Lacerda acredita que houvessem aulas de música no seu tempo de colégio poderia ter sido influenciado a começar a estudar música mais cedo e até criado interesse por outros instrumentos ou músicas. "Acredito que poderia ter sido uma vantagem para a minha vida musical, não como guitarrista, mas como músico mesmo", acrescentou.

Com relação ao ensino de música nas escolas, a preocupação de Gustavo é para que a música seja trabalhada de maneira correta: "Não adianta colocar uma matéria com o nome de 'Música' e não trabalhar a música direito com os alunos, dando instrumentos que vão ser apenas brinquedos. A música nas escolas deve ser levada a sério, colocando os alunos em contato com a música. Como a erudita e a popular brasileira que mal são valorizadas por nós brasileiros."

(foto de reco-reco, retirada da internet)
No colégio de Rogério, as aulas de música eram ministradas por uma professora formada em música, mas como ressalta o jovem, os alunos não se adaptaram muito bem a essa cultura: "lembro que muitos colegas não gostavam das aulas, acredito que porque a gente era muito novo e não estávamos acostumados com a disciplina exigida. Ficam também as boas lembranças, nas aulas tivemos contato com instrumentos que não encontramos todos os dias, como o reco-reco".


Tanto Christopher quanto Rogério são jovens que gostam de música e valorizam o contato que tiveram com a música como forma de enriquecer a cultura e também de entretenimento. Gustavo era estudante da faculdade de Música da UEMG no curso de Licenciatura em Educação Musical Escolar, mas não se identificou com o curso e prestará vestibular para o curso de Bacharelado em Música Popular na UFMG. Hoje, trabalha dando aulas particulares de violão e guitarra e tem a banda Charlie, que é cover do Red Hot Chili Peppers.

Além desses jovens, a música também fez a diferença na vida da aposentada Yeda dos Reis. Ela conta que sempre gostou de música, mas que só teve a oportunidade de entrar em um coral depois de adulta: "foi uma experiência fantástica. Estar ali (nas aulas de música do coral) fez com que eu me sentisse mais jovem. E acabei encontrando também uma ótima forma de aliviar o estresse do dia a dia". O contato com a música também trouxe a Yeda novos amigos, que se tornaram também companheiros de viagem e de outros momentos de lazer. "O bom da música é que ela não tem idade. E é ainda melhor para aqueles que poderão começar mais cedo, com essas aulas que os jovens terão nas escolas. Acho ótimo", acrescentou.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO - Música nas escolas

O ano de 2011 é o prazo para que as escolas de todo o país coloquem o ensino da música como disciplina obrigatória na grade do Ensino Fundamental.

A lei nº11.769 sancionada em agosto de 2008 pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva altera a lei nº9.394, de dezembro de 1996 e torna a música um conteúdo obrigatório nas aulas de arte em todas as escolas do país. A lei de 2008 dá o prazo de três anos para que as escolas se adaptem à mudança.

A recomendação do MEC é que os alunos aprendam noções básicas de música, conheçam os instrumentos de orquestra e aprendam cantos cívicos nacionais além das características musicais ligadas ao folclore e à cultura de cara região do país.

De acordo com Arlete de Vasconcelos, vice-diretora da Escola Estadual Pero Vaz de Caminha, o novo projeto já entrou em pauta na escola e a professora responsável pelo curso de arte já está implantando o ensino da música em suas aulas. Entretanto, ainda precisa-se da verba do governo para que a escola adquira os instrumentos e receba também um monitor que auxiliará nas aulas de música. Arlete não crê, porém, que o projeto se inicie de fato ainda esse ano por causa da falta da verba.

Essa preocupação com o apoio do governo também foi demonstrada por Ana Carolina Oliveria, mãe de duas meninas que estão no Ensino Fundamental. "Acredito que a implantação da música é interessante porque apóio toda manisfestação de cultura. Mas não sei se isso vai dar certo porque nunca se sabe se o governo vai cumprir com as propostas e ajudar as escolas com o dinheiro que se precisa", disse.

Iveli Buccini é uma das professoras que apóia o projeto, mas julga que outro tipo de disciplina seria mais interessante para a formação dos jovens estudantes. "Particularmente, eu seria a favor da inclusão de outro tipo de disciplina como a filosofia ou a sociologia, algo para dar mais base. Mas a gente sabe que é difícil. Tem muito jovem que talvez não conseguisse acompanhar esses conteúdos, então acho uma ideia interessante que tenhamos música. Acrescenta alguma coisa", disse.

Apesar do prazo para a inclusão da música já estar próximo do fim, existem professores que ainda não ouviram falar do projeto em suas escolas. É o que relata o professor Rodrigo Daniel Maia: "A escola não está se preparando, ninguém sabe dessa lei." Mesmo desconhecendo a lei ele acredita que a implementação da música será de grande valia para os estudantes uma vez que será um atrativo para os alunos, contribuindo para a diminuição do índice de infrequência e agindo como fator social uma vez que os alunos que frequentam as aulas estão menos expostos aos problemas sociais contemporâneos.

É com base na idéia de tornar a escola um local atraente para os alunos que o professor Rodrigo está batalhando para incrementar o Xadrez nas escolas: "Acredito que a escola deve ser um local agradável para os alunos, e disciplinas assim contribuem para isso". Também por essa razão, a escola onde Rodrigo trabalha - Escola Estadual Guimarães Rosa - recentemente trocou o sinal tradicional de mudança nos horários por música. "As músicas que a escola coloca geralmente são músicas orquestradas ou religiosas. Atualmente estão colocando alguns hits que estão na boca de todos. Os alunos descem para o recreio cantando, acho muito legal isso", contou.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Jornal O Marco

Jornalismo cidadão ganha espaço nas mídias


BÁRBARA MAGRI,
4º PERÍODO


A popularização das formas de colaboração via Internet e o fácil acesso a câmeras de vídeos por celular estão mudando a relação do cidadão com os meios de comunicação. Ao deixar sua posição de observador para se transformar em produtor de informação, o cidadão participa cada vez mais daquilo que é vinculado nas mídias.


A influência direta da população no conteúdo do jornal impresso, TV ou sites pode ser chamada de jornalismo colaborativo ou jornalismo "cidadão". O editor do portal O Tempo,  Luiz Fernando Rocha, conta que, atualmente, duas a quatro matérias do portal são sugeridas pelos próprios internautas. "O consumidor se tornou produtor, e nós como jornalistas devemos nos adaptar a isso e fornecer diferentes formas de interatividade, como espaço para comentários e enquetes", observa. 


No dia 15 de outubro de 2009, uma forte chuva de granizo causou grande transtorno aos belo-horizontinos. "Nesse dia nós recebemos mais de 500 fotos de casas sem telhado e carros com capô estragados", conta Luiz Fernando. Mas, a participação não se limita a apenas fotos. O Jornal da Alterosa chegou a transmitir cinco vídeos de telespectadores em uma mesma edição. Esses vídeos foram mandados para o portal de jornalismo colaborativo "Dzaí", que conta com participação de mais de 30 mil pessoas de várias regiões do Estado. O idealizador do portal, Alexandre Magnoexplica que a tendência é que esse número cresça. "Agora o número de colaboradores do interior de Minas também está aumentando e nós temos que ficar atentos no conteúdo que chega no portal para assim tirar notícias que possam servir para outros veículos", diz. 


Há casos enviados por internautas que ganham grande repercussão.  Um exemplo disso é a foto que foi tirada em 2008 de um fiscal da BHTrans dirigindo um carro da empresa falando ao celular . A foto postada no portal O Tempo fez com que a Corregedoria Geral do Município abrisse inquérito para avaliar a atitude do motorista. "A repercussão desse caso foi tão grande que a foto ganhou lugar de destaque na página da Internet, inclusive em outros sites de notícia", conta o editor Luis Fernando. O fotógrafo até chegou a pedir direitos autorais, mas esse material passa a ser público. "Nós não vendemos para outros veículos, as pessoas podem pegar, mas devem manter o crédito da foto", completa. 


Episódios inusitados do dia a dia são muitas vezes flagrados por câmeras amadoras. Foi o que aconteceu com o estudante de engenharia de produção civil, Guilherme Pires Volpini, 18 anos, que registrou uma cena interessante enquanto andava por Belo Horizonte. "Era um carro novo que parece ter tido o vidro do retrovisor roubado e substituído por um espelho de banheiro", narra. Leitor da revista de veículos "Quatro Rodas", o estudante de engenharia enviou a foto para o espaço "Leitor Repórter" onde foi publicada no mês seguinte. Entusiasmado ao ver sua foto e nome publicados na revista, Guilherme conta que foi a primeira vez que contribuiu para algum tipo de veículo, mas não pretende parar por aí. "Se eu achar alguma coisa interessante vou mandar de novo”, conta.